ao claudio eugenio luz
sobrevivia às noites estreladas bem distante das ruas do seu vilarejo desde que ali chegou a luz vinda da cidade grande. seguia um ritual simples em seus gestos levando às mãos ao peito para sentir a angústia do coração enquanto fixava os olhos no horizonte para agarrar-se aos restos de fé e inventava dentro da cabeça crianças brincando junto aos pirilampos. era assim que rumava ao igarapé embrenhado lá no meio da mata para ouvir o coaxar encantado dos sapos fazer das preces que aprendera com a mãe um cadinho, na esperança de que deus se desocupasse dos homens e pudesse atender ao seu único pedido levando pra todo sempre aquelas luzes dali.
imagem de escher
4 comentários:
Sempre bom ler seus escritos. AbraçoDasGerais.
Meu caro, meu caro, meu caro poeta das estrelas. O que dizer? O fim está no começo e, no entanto, continuamos. Gostaria de ter sido eu a dizer essas palavras, gostaria de ser eu embrenhando lá no meio da mata. Grato por essa narrativa. Pura força e sensibilidade.
hábraços
"crianças brincando junto aos pirilampos", a infância de muitos que moraram e/ou moram na roça.GRANDE ABRAÇO!
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