ao claudio eugenio luz
sobrevivia às noites estreladas bem distante das ruas do seu vilarejo desde que ali chegou a luz vinda da cidade grande. seguia um ritual simples em seus gestos levando às mãos ao peito para sentir a angústia do coração enquanto fixava os olhos no horizonte para agarrar-se aos restos de fé e inventava dentro da cabeça crianças brincando junto aos pirilampos. era assim que rumava ao igarapé embrenhado lá no meio da mata para ouvir o coaxar encantado dos sapos fazer das preces que aprendera com a mãe um cadinho, na esperança de que deus se desocupasse dos homens e pudesse atender ao seu único pedido levando pra todo sempre aquelas luzes dali.
imagem de escher