quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

ao claudio eugenio luz

sobrevivia às noites estreladas bem distante das ruas do seu vilarejo desde que ali chegou a luz vinda da cidade grande. seguia um ritual simples em seus gestos levando às mãos ao peito para sentir a angústia do coração enquanto fixava os olhos no horizonte para agarrar-se aos restos de fé e inventava dentro da cabeça crianças brincando junto aos pirilampos. era assim que rumava ao igarapé embrenhado lá no meio da mata para ouvir o coaxar encantado dos sapos fazer das preces que aprendera com a mãe um cadinho, na esperança de que deus se desocupasse dos homens e pudesse atender ao seu único pedido levando pra todo sempre aquelas luzes dali.

imagem de escher


4 comentários:

diovvani mendonça disse...

Sempre bom ler seus escritos. AbraçoDasGerais.

Claudio Eugenio Luz disse...

Meu caro, meu caro, meu caro poeta das estrelas. O que dizer? O fim está no começo e, no entanto, continuamos. Gostaria de ter sido eu a dizer essas palavras, gostaria de ser eu embrenhando lá no meio da mata. Grato por essa narrativa. Pura força e sensibilidade.

hábraços

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

"crianças brincando junto aos pirilampos", a infância de muitos que moraram e/ou moram na roça.GRANDE ABRAÇO!