segunda-feira, 22 de maio de 2006


PRECE DA PRIMEIRA AURORA

naquele quarto, esquecia o medo
era criança demais pra ser notado
achava que deus tinha ouvidos cheios de cera
e enormes olhos de vidro

rabiscava palavras que antecediam murmúrios
seus dedos acolhiam pequenos lamentos
frágeis círculos na arte de sonhar mundos
e cores que ninguém sabia

tinha brinquedos dos quais jamais se separava
forte-apache, autorama, fura-fura
todas as árvores do fundo do quintal
e os bichos imaginários feitos de nuvens

naqueles dias a infância chegava cedo
antes mesmo das sombras que o sol trazia
não havia desamor nem desespero
e não se morria dia após dia

2 comentários:

Claudio Eugenio Luz disse...

Cá estou para ler e gostar.

hábraços,poeta

tb disse...

O mundo das crianças descrito como só tu sabes
beijinhos