quarta-feira, 28 de junho de 2006


se o teu silêncio
é a resposta às minhas preces
e a tua indiferença
a medida da tua benevolência

se a minha fé
é a garantia da tua existência
e os meus temores
os alicerces do teu reino

de ti eu nada quero
por ti eu nada faço
sem ti eu me liberto
e minhas sobras
serão o teu teto

domingo, 25 de junho de 2006


desenhe um domingo
abra o quarto dos brinquedos
traga sorrisos e os sons da chuva
junte-se aos segredos das formigas
ao vôo das libélulas
aos urubus que recortam as nuvens

porque ainda há tempo
porque ainda é nascente
a esperança ribeirinha de belém do pará

sexta-feira, 16 de junho de 2006


ajoelhei-me para saber do silêncio,
as preces famintas de chuva
e esperançosas de rio.
*
tudo ao meu redor
estava menor antes
minha imensidão é a falta de ti.
*
o prenúncio dos meus mortos
é a sobrevida da primavera
que deságua longe daqui.
*
[meu deus pisa a relva com pés descalços
tem mãos frágeis que já não choram
&
muito medo de saber-se só]

segunda-feira, 12 de junho de 2006



eu só peço um momento
de candura e imensidão
pra acolher os meus medos
e trazer de volta o rio de águas barrentas
que um dia os pés do meu deus banhou

sexta-feira, 2 de junho de 2006


Por quanto tempo mais, Senhor
Essas águas levarão
Pra longe daqui
Tudo que eu amo?

Diz-me, Senhor
Mesmo que em silêncio
Pois eu preciso de um sinal
Que me erga e me faça crer

Eu queria redenção
E você trouxe abandono
Eu queria esperança
E você trouxe rancor

Por quanto tempo mais, Senhor
Haverei de ser esse arremedo
Essa fratura exposta ao nada
Esse eco tragado pelo vazio?

Diz-me, Senhor
Mesmo que em desgraça
Pois eu preciso de um momento
Que me arranque daqui

Eu queria amor
E você trouxe desprezo
Eu queria quietude
E você trouxe solidão