sábado, 26 de maio de 2007

da série preces inominadas

acocorado diante da casa
vê a si mesmo criança
e rememora o pai-nosso
que não cessa de brotar
lágrimas vestindo solidão

a vida segue longa
sobre seus ombros
as amarguras do tempo
metrificam os fantasmas das perdas
esvaziando o sentido de estar ali

e quando o sonho chegar
estarão seus olhos
fechados
distantes demais
do alvorecer

terça-feira, 8 de maio de 2007


é úmido este chão margeado pelo rio
por onde hei de seguir meu destino
(estou só entre meus mortos)

abraça-me antes do atardecer
em silêncio
pois a fé caducou despida, mãe

e da vida
guardo somente um terno de pássaros
que descansam sob o luar.
imagem de Oswaldo Guayasamín